“O primeiro motivo da minha indignação é óbvio: vivemos em um país com instituições formais como a Polícia, para prender, e o Judiciário para julgar. A placa pode ser apenas uma ‘intimidação’, mas também é uma afronta à população do bem que passa pelo local com seus filhos e sua família”, escreveu ele em seu relato ao Eu-Repórter.
Para a Subprefeitura da Ilha do Governador, a provável autora da mensagem é a colônia de pescadores da Praia da Bica, que será procurada para a retirada da placa. A área não teve registros de roubo ou furto de embarcações ou artigos de pesca na última semana, de acordo com dados levantados pelo titular da 37ª DP, Deoclécio Francisco de Assis. Ele também afirmou que notificará os órgãos competentes para que as devidas providências sejam tomadas.
O “aviso” surpreendeu também o criminalista João Tancredo, ouvido pelo GLOBO:
- É chocante. Se agora as pessoas resolverem fazer ameaças a cada hora que ficam insatisfeitas, vira terra sem lei. Ninguém faz nada, mata. Se a gente não concorda com alguma situação, tem que buscar o meio jurídico adequado, que é a representação nos órgãos competentes. Se o órgão é incompetente porque demora, tem que reclamar.
Segundo o advogado, a mensagem pode constituir crime de ameaça (artigo 147 do Código Penal), configurando uma prática ilegal:
- Se a pessoa provar que se sentiu ameaçada, mesmo que a mensagem não seja direcionada a ela, pode denunciar o fato. Isso parece coisa de miliciano, de grupos paramilitares. É uma conduta ilegal, criminosa. O leitor ficou indignado, mostra a perplexidade da sociedade quando um determinado grupo se arma e substitui o poder constituído.
O leitor Eduardo Telles acrescenta que outra placa, com os mesmos dizeres, está no local, mas voltada para o mar, onde há pequenas embarcações ancoradas. Na faixa de areia, outros barcos - alguns deles danificados, como o que aparece na foto - estão empilhados. E isto também causa apreensão:
“O segundo motivo de indignação é que neste pedaço da Praia da Bica, próximo ao Depósito de Combustíveis da Marinha no Rio de Janeiro, estes barcos ficam deixados na areia, acumulando água da chuva e se tornando verdadeiros criadouros de mosquitos, entre eles o transmissor da dengue. A Secretaria de Ordem Pública poderia olhar um pouco para a Zona Norte e fazer um Choque de Ordem no local, livrando-nos ao mesmo tempo de duas ameaças a nossas vidas: os donos dos barcos que querem fazer justiça com as próprias mãos e os mosquitos.”
A Subprefeitura se comprometeu a enviar ao local uma equipe de controle da dengue para verificar o acúmulo de água nas embarcações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário